Palestra sobre Design e Acessibilidade



No dia 21 de novembro de 2013, ministrei uma palestra com o tema: Design e Acessibilidade, no Centro Vocacional Tecnológico de Três Rios, para alunos e professores do curso Técnico em Informática. Falei sobre o real significado do Design, da importância de se utilizar a tecnologia atual em prol das pessoas com necessidades especiais e como o design pode ajudar nesse processo.

Sendo o design uma área que busca projetar soluções, atender as necessidades de pessoas que realmente possuem limitações ou deficiências é um papel extremamente importante do designer na sociedade, contribuindo para a inserção de pessoas, que eram excluídas, de forma ativa. A acessibilidade objetiva permitir que pessoas com necessidades especiais participem de atividades, utilizem produtos e serviços, isto é, oferece adaptações e meios de locomoção, eliminando as barreiras.

Durante a palestra, pedi para um aluno se sentar a frente de todos e com os olhos vendados manusear um tablet, pedi para que o mesmo acessasse a internet, atividade simples, que todos nós fazemos com facilidade. Mas ele não conseguiu, porque o único meio de contato entre ele e o produto no momento eram as mãos, através do tato, não era o bastante para que houvesse a interação. E então, solicitei a todos que percebessem o constrangimento que ele passou. A pergunta que resume esta reflexão é: será que a tecnologia produzida aqui atende a todos? Esta cena é fictícia, mas milhares de pessoas se privam de inovações e de produtos de alta tecnologia por não conseguirem utilizá-los.

O que podemos fazer para resolver essa situação? Existem alguns aplicativos que auxiliam nesta interação, com audiodescrição e alguns acessórios com braile. Há projetos sendo desenvolvidos para pessoas com necessidades especiais, mas o desafio é: como atender a todos, sem distinção? Então, apresentei o Desenho Universal, conhecido como Design para todos, este, “visa à concepção de objetos, equipamentos e estruturas do meio físico destinados a ser utilizados pela generalidade das pessoas, sem recurso a projetos adaptados ou especializados, e o seu objetivo é o de simplificar a vida de todos, qualquer que seja a idade, estatura ou capacidade, tornando os produtos, estruturas, a comunicação/informação e o meio edificado utilizáveis pelo maior número de pessoas possível, a baixo custo ou sem custos extras, para que todas as pessoas e não só as que têm necessidades especiais, mesmo que temporárias, possam integrar-se totalmente numa sociedade inclusiva.”

Por tanto, a meu ver (como designer e ergonomista), aqui estão algumas questões que precisam de atenção, pesquisas e testes na hora da criação de um site, aplicativo, jogo ou programa:
1. Cores: o estudo da cor é muito importante para atrair e agradar o usuário, para que ele se sinta confortável. Deve-se atentar ao uso do contraste e cores que não são distinguidas pelos daltônicos*. Utilizar outros recursos para diferenciar os links além das cores também facilitam a legibilidade dos daltônicos.  
*"Os daltônicos na maioria dos casos possuem dificuldade na percepção de determinadas cores primárias, como o verde e o vermelho, o que se repercute na percepção das restantes cores imaginadas por eles”.
2. Tipografia: Utilizar fontes legíveis, possibilidade de aumento e diminuição do tamanho.
3. Ícones: Símbolos de fácil entendimento, alguns estereótipos facilitam a compreensão.
4. Arquitetura: Deve-se estudar as necessidades de busca para tornar o site ... intuitivo. Além da organização, colocar as informações de forma hierárquica, respeitando sempre a nossa orientação de leitura.
5. Audiodescrição: Descrever os elementos da tela, as informações da interface e as ações do usuário.
6. Legendas: Textos dispostos legivelmente.
Além de prever erros, construindo cenários conflitantes, para solucioná-los antes de finalizar o projeto.

Contudo, a contribuição do design para a tecnologia agrega valores e produz inovações. É essa junção que propus para alunos e professores do curso de informática, para trabalharmos juntos em prol de um mundo mais justo, com oportunidades para todos de forma igualitária.

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